Mais um dia e já está!

Estamos todos cansados, não é?

Pois, mas não se preocupem… o dia 1 de Maio está aí e não podemos sair de casa… a não ser que seja para as manifestações e comícios do 1º de Maio… Então, está resolvido… vou fazer uma manifestação cá em casa com os meus amigos todos!

Tragam os cartazes…

Ontem, escrevi sobre um tema que considero muito importante. A programação da nossa mente para o sucesso! Passaram a vida a programar-nos para o insucesso… por isso ser tão importante conseguirmos programar a nossa mente para o sucesso.

A melhor forma de programar as pessoas para o insucesso, é dizer-lhes que são burras e vão tirar negativa se não conseguirem decorar uma fórmula matemática com 12 letras e 30 números que não serve para nada nem para ninguém! És burro! Não sabes escrever os acentos corretos nos “Às”? Burro!

“Sou burro! Tão burro que não valho a pena… os professores desistem de mim… eu desisto de mim… O meu primo é melhor que eu… o meu irmão é melhor que eu… e só tem 6 anos… Credo… Sou burro!”

“Passo de ano… porque os professores são porreiros e dão-me um dezoito! Todos são melhores e nada mais me resta senão tentar enganar alguns, para que pensem que sou inteligente ou que sei alguma coisa!”

Caramba… tudo começa por nos pedirem para decorar equações matemáticas que não lembram ao diabo…

Todos somos diferentes… todos conseguimos apreender tudo… o que precisamos é do professor certo!

Sabem qual é o povo mais inteligente do mundo? Os chineses, claro! Uma vez fui a uma loja de chineses e acreditem ou não, vi 4 miúdos que não teriam mais do que 5 anos a falar um chinês correto! E eu sei que na china todos os miúdos começam bem cedo a falar chinês… aos 8 anos já escrevem fluentemente chinês com aqueles pauzinhos todos.

Acham que estou a brincar? O meu filho é muito inteligente… e na escola andou a aprender chinês e durante 3 anos só sabia dizer umas 30 palavras. E escreve muito pouco… Descobri… que não são os miúdos Chineses que são inteligentes… os professores é que são bons! Na China quem ensina os miúdos a falar chinês são… os pais!

Veem? Quando os professores são bons… todos… todos os alunos apreendem qualquer coisa!

Lembram-se da Quarentena onde falei das minhas aulas de informática? Na primeira aula dizia… se não apreenderem a culpa é minha!… porque não consegui falar na vossa língua!

Eu, infelizmente, tenho uma memória péssima… se fizéssemos um campeonato de falta de memória eu ganharia a qualquer um… é verdade! Quem convive comigo sabe disso. Do género… esqueço-me dos nomes das pessoas que não convivo diariamente. Esqueço-me de conversas de há 3 horas… Se conhecer hoje uma pessoa… posso passar 3 horas a olhar para ela, mas, se amanhã a vir na rua não a reconheço.

No entanto, quando estou com uma pessoa mais do que 3 vezes… depois já não me esqueço do rosto nem do nome… desde que não passe muito tempo… (Não se preocupem… o quadro é mau, mas não é negro).

Os meus amigos quando me dizem: “Vou te dizer uma coisa, mas não contes a ninguém” … Hihi… Podes crer… Esqueço-me num instante!

Estão a ver o meu problema, não?

Na escola sempre tive muita dificuldade em estudar… estudar para mim foi um sacrifício doloroso… cada vez que tinha que pegar num livro para estudar para um teste entrava numa espiral de angústia que só parava quando dizia para mim: “Já Chega!”

Obrigar-me a decorar é muito doloroso… ainda hoje!

Por causa desta dificuldade, sempre fui, no secundário um aluno médio… médio baixo… no entanto era dos melhores às disciplinas que adorava… como história e informática.

A certa altura achei que tinha menos capacidades que os outros… “pronto, nem todos temos que seguir uma vida de estudo” pensava eu… os meus amigos seguiram para a universidade aos 17 anos e eu não… estudar era muito mau para mim… e não iria conseguir. No final do 12º Ano, decidi que iria iniciar a minha vida profissional e que não iria estudar mais. Lembro-me de um dia um amigo dizer-me:

– “Não vais para a Faculdade? É pá… eu vou ser engenheiro.”

Sabem o que lhe respondi?

– “Fazes bem. Estuda muito… que quando saíres eu arranjo-te um emprego na minha empresa.”

Hihi … anos mais tarde só não o contratei porque o raio do rapaz era muito bom e as grandes multinacionais andavam atrás dele.

Isto para dizer que eu por causa da minha falta de capacidade em decorar… sentia que não era bom! A minha autoestima esteve sempre elevada… mas, resignei-me perante as evidências. Se não consigo decorar… não sou bom… porque não consigo ter notas como os outros.

No entanto, havia coisas que me criavam dúvidas sobre este pensamento. Eu era muito bom a programar computadores… e tinha notas muito altas na secundária a informática! No curso de professores de informática que tirei em 200 alunos fui o 4º melhor… na Universidade, anos mais tarde tive excelentes notas… Eu de facto apreendia muito bem… mas só às vezes… parecia que era só o que gostava… o que não gostava eu bloqueava e não conseguia memorizar.

O tempo foi passando, iniciei a minha atividade de psicoterapeuta e de repente apercebi-me que já tinha uma boa memória!

Uauu. Eu, que não tinha memória para caras, nem para histórias que as pessoas me contavam… a partir daquele momento eu comecei a lembrar-me com muita facilidade.

Quando ia à minha agenda saber com quem ia ter a próxima consulta, pegava na ficha desse paciente lia as poucas frases que lá tinha escrito e recordava-me automaticamente da cara e da história da pessoa… de toda a dor que ele sentia e do que ele precisava para se curar…

Brutal… de alguma forma parece que desde que era psicoterapeuta a minha memória tinha melhorado radicalmente.

O mais estranho era que fora da clínica… a minha memória falhava como sempre… só me lembrava das histórias dos meus clientes… Mais estranho ainda, era quando as minhas colegas me diziam:

– “Lembras-te do caso daquele senhor que atendemos na semana passada, que tinha um problema XPTO.”

– “Não! Não me lembro…”

E só quando pegava nas minhas notas, nas notas que tinha feito na primeira consulta é que me lembrava de tudo! Era muito estranho.

Só com o tempo e com o estudo sobre a mente, percebi bem o que se passa comigo!

O problema é que eu só decoro emoções. Estranho, não é? E explicar é ainda mais complicado, quando se tem poucas linhas para se escrever. Hoje a minha mãe queixou-se que escrevo muito… que gosta do que escrevo, mas podia escrever menos… Tens razão mãe… mas entusiasmo-me…

Só decoro emoções! Sou Cinestésico! Quer dizer que sou mais sensível ao que sinto, do que ao que vejo ou ouço!

Há pessoas que valorizam muito o que veem… gostam da cor do mar… da imensidão do mar… do sol a bater nas ondas… do amarelo da areia…

Outras são mais sensíveis ao som das ondas quando fecham os olhos… gostam do silêncio de uma praia vazia… ou gostam de ler sentadas na areia…

Outros, como eu… gostam de estar apenas deitados na areia… sem mexer um músculo, enquanto se sente o sol na pele…

Uns são os visuais, outros os auditivos e por fim os cinestésicos.

Todos damos valor a estes três estímulos… mas há algumas pessoas que são de extremos. Os músicos costumam ser extremos auditivos… os arquitetos extremos visuais… e os atletas extremos cinestésicos. Os atletas, porque se sentem bem o seu corpo… Os terapeutas… massagistas… são tendencialmente mais cinestésicos do que visuais ou auditivos.

A cinestesia é a capacidade que todos temos de sentir… sentir as nossas sensações e os extremos como eu, sentimos também as sensações dos outros… não é nenhum fenómeno extraordinário ou mediúnico… é apenas a capacidade de empatia mais apurada…

Descobri porque é que decorava as histórias dos meus pacientes… é que quando mas estavam a contar, cada palavra que me diziam, vinha carregada de emoção que eu percebia e sentia… por isso não me esquecia dessas histórias. Eu decoro as emoções e as histórias que vêm agarradas a elas.

Eu era um dos melhores alunos, mas só nas disciplinas que me emocionavam… como a Informática, a Economia ou a Psicologia.

Tudo isto para explicar que os alunos como eu, só apreendem se o professor nos explicar as matérias de forma a que possamos sentir o que está a dizer. E temos de sentir a importância daquelas aprendizagens… decorar por decorar é uma tarefa para os auditivos que decoram tudo o que o professor DIZ ou os visuais que decoram tudo o que VEEM!

Os professores Cinestésicos como eu, ensinam com paixão… Os Visuais ensinam mostrando, os professores Auditivos ensinam falando.

Juntar alunos e professores com diferentes sistemas representacionais não funciona.

Não chamem de burro a ninguém… tentem mudar é o professor!

Eu, se não me emociono com a vida… esqueço-me dela…

Quando conto as minhas histórias, dizem me sempre: “Caramba que grande memória que tens”… nada disso… só me recordo e nunca me esqueço, apenas das poucas histórias verdadeiramente importantes para mim.

Este também é um fator da minha felicidade… Como relativizo muito e dou pouca importância ao que de facto não me é importante… esqueço-me!

Mãe… foi um pouco longo… mas não consegui encurtar mais!

#FiquemEmCasaQueAmanhaÉoUltimoDia