Amanhã vai haver festa! O último texto sai às 23h59 em honra de todas as noites em que o teclado parecia um piano… onde teclava a uma velocidade brutal só para cumprir o horário das 23h59.

Amanhã tenho uma surpresa! Vão gostar… pelo menos Rir!

Tenho dito várias vezes que não gosto de escrever, que escrever para mim é doloroso. É verdade… sempre o foi.

Mas nunca tinha percebido porquê… Ontem descobri!

Graças a uma nossa amiga das Quarentenas, a Sophie, que me disse em resposta ao texto do dia 51, onde falava sobre as dificuldades que eu tinha de escrever de uma forma correta… ela disse:

“??Achei muito boa a ideia de escrever livre, porque quando escrevemos no papel e deixamos fluir, é nesse momento que a mão flui ao pensamento descontraído de escrever o que chamamos “sem pensar” ?. Na realidade esse pensamento estruturado, mas que se torna livre, livre em sermos nós mesmos. Penso que o maior sucesso de uma escrita, sendo ela uma prosa, livro, diário, poema, etc. só tem o seu encanto quando o autor colocou na escrita o seu pensar livre. Na realidade essa é a magia, porque conseguimos sentir a verdade de quem escreve. Tenho a certeza que prefiro a sua escrita livre, em vez de ser posteriormente estruturada por outro alguém. Apoio o seu pensamento ?!”

Uau… tive um “insight”. Uma compreensão súbita! Uauuu é isso mesmo!

Afinal eu gosto de escrever… mas não quando tenho que me prender a regras de linguagem escrita que se entende como o “correto”! Pode ser o correto, mas não para mim.

Afinal eu gosto de escrever, desde que isso me deixe livre. Gosto de escrever se isso me deixar fluir o pensamento como ele é de facto… daí a música que eu tenho… percebi agora que essa música é a forma como o pensamento se organiza e que passamos para o papel.

Obrigado Sophie… há palavras e frases que nos mudam, que nos mudam a perceção da “coisa”.

Nós não sabemos o que não sabemos…

E por isso… dizemos… Não gosto de escrever. Pronto! Eu não sabia que havia uma razão tão óbvia para não gostar…

Agora que sei não me vou limitar mais. Vou escrever…, mas apenas assim!

Houve um dia em que eu gostei de escrever… e escrevi muito e muito rápido: 10º ano, disciplina de Filosofia… estávamos a dar René Descartes, o filósofo do “Penso logo Existo” e estávamos a estudar algumas teorias que o professor achava que não estavam certas, mas que ninguém entendia bem porquê!

Ora… eu… estudante aplicado do livro de Hipnose desde os 12 anos… não me faltavam era teorias e dissertações sobre a mente e o comportamento… e percebi qual era o Erro de Descartes. Lia tudo sobre Descartes. Fascinou-me esse estudo e o que eu pensava sobre as teorias dele. Na verdade, hoje, já nem sei quais eram essas teorias nem o que eu achava sobre isso… já não me lembro… mas lembro-me do teste que fiz.

Fomos para o teste e eu sabia que iria tirar 20. Sabia tudo sobre Descartes… ia ser Canja!

O professor passou-nos o teste para as mãos e uma pergunta apenas: “Explique a teoria de René Descartes sobre xpto” … não me lembro do que era.

Comecei logo a escrever com uma velocidade incrível… acho que gastei 3 folhas. Na primeira página resumi o pensamento todo do Descartes e nas imensas páginas seguintes escrevi o que eu pensava sobre a teoria e onde é que ela falhava… brutal… vou ter 20! Só pode…

Fiquei tão feliz… era bom naquilo… tinha descoberto a minha vocação… certamente iria ser filósofo. Mal sabia eu do futuro que teria pela frente…

Dia de receber o teste…

12 Valores. What?! O quê? Como pode ser? É que aquele texto poderia ser defendido em qualquer universidade do mundo… iria trazer ao mundo uma nova luz…

Folheei rapidamente o teste e o professor no fim escreveu: “O teste era sobre Descartes, não Sobre Ti!”

Vamos todos fazer 2 minutos de silêncio…

Caramba… afinal eu gosto de escrever sobre mim! Sobre os outros abrevio um pouco!

Mudando de assunto: Como isto está a acabar e amanhã é a aula da Festa… lembram-se no ciclo preparatório quando tínhamos a aula 100? Levávamos bolos, bebidas, batatas fritas e fazíamos uma festa… acontecia o mesmo convosco? Então, como estamos a acabar, gostaria de vos falar sobre um último tema…

Há uma coisa que detesto mas que me faz evoluir muitíssimo… e que não evito… mas para não evitar tenho que ter este estado mental que vos quero passar… se não o tiver evito e se o evito, não cresço!

Sair da zona de conforto…

Quem gosta de sair da zona de conforto? Ninguém.

Pois se estamos confortáveis estamos bem e não queremos sofrer… sentir dor. Pois, mas o problema é que para evoluirmos… para descobrimos novos caminhos temos que entrar em situações de Stress, de Desconforto, de Ansiedade e ninguém gosta de ansiedade, de Dor…

Uma situação que agora me é muito mais fácil, mas que no início foi horrível, era ter de ir à televisão ou dar palestras.

Nunca tive a pretensão de ser conhecido, de “aparecer”, de escrever em revistas, jornais ou estar em programas de televisão. Nunca e continuo a não ter essa vontade… apenas o faço porque é preciso. Tenho uma mensagem para passar e esses são os meios.

Todas as vezes que aceito entrevistas… gravar vídeos… fazer palestras… sinto dor. Dor de quem preferia estar a dar consultas e não a viver todo o stress que me causa estar à frente das câmaras ou à frente de plateias.

E o porquê desse stress? Porque quando estamos na televisão temos 20 segundos para responder a uma questão e temos que dizer algo importante e nunca sabemos as perguntas que nos fazem… eu não tenho medo de responder… quero responder… o problema é o tempo.

Quando estou a dar formação, falo durante 200 horas seguidas… só paro para comer, dormir e outras coisas… não tenho o problema do tempo.

Há ideias que são difíceis de explicar. Por exemplo: Perguntam-me muito: O que é uma Fobia? Ora… ora… não há resposta mais fácil. Tenho 30 minutos? Ah… isso é que era bom… diz lá alguma coisa interessante para o nosso público em 30 segundos… ah… e se se te enganares… não se pode cortar nem repetir porque, isto é, em Direto! Ah… e se a coisa correr mal só estão 600 mil pessoas a olhar para ti, a ver-te a espalhar todo… credooo… quem não fica em stress?

O meu stress vem daqui… dizer alguma coisa útil em pouco tempo e eu sei que sei… tenho uma boa confiança no que sei, mas em 30 segundos… é difícil…

Mas, apesar disto, nunca recuso um desafio para passar as minhas mensagens sobre a saúde mental, seja em que meio de comunicação for.

Hoje, anos depois de ter começado a sair da Zona de Conforto, sinto que cresci… sinto que faço bem o que me proponho… Já consigo em 20 segundos passar a mensagem que quero e se me sinto assim, é porque sofri muito com a Dor do Desconforto… era muito melhor estar em casa… mas sempre insisti, percebendo que cada vez que aceitava sair da Zona de Conforto estava a crescer.

A maioria das vezes que estive nestas situações acredito que estive bem…, mas fiz muita Psicoterapia para conseguir. Nas primeiras vezes… antes de entrar em direto nas televisões ia para o WC e durante 5 minutos fazia as técnicas de psicoterapia que utilizo com os meus pacientes. E funcionam mesmo… claro! Por isso e, apesar do stress, sempre correu bem.

Agora… a Zona de Dor… já me é Uma Zona de Conforto. Agora há outras zonas de dor a explorar… para que possa crescer ainda mais.

É sempre assim… Avançamos para o desconforto, aprendemos a gerir esse desconforto e começamos a sentir-nos confortáveis nessa nova situação e… repete-se o ciclo.

Hoje a humanidade esta a Sair da Zona de Conforto. Todos nós com esta “coisa” do vírus estamos a sair da nossa zona de conforto. Devemos encarar estes momentos como momentos de crescimento… de uma mudança forçada, mas que nos irá fazer crescer…

Pesquisem no Youtube o vídeo de um Rabino que fala sobre este tema… a mensagem dele é deliciosa. Procurem assim: “Motivação Lagosta – Crescer nas adversidades – Rabino Abraham Twerski”

Não se esqueçam: amanhã, Domingo 10 de maio, às 23h59 vai ser publicada a última Quarentena e traz uma surpresa…!

#FiquemEmCasaQueAmanhãháFesta