Faltam 4 Quarentenas.
Faltam 4 Quarentenas.
Tinha eu uns 14 anos e andava nos escuteiros! “Sempre Alerta” … Aquilo era giro… tínhamos farda, uns lenços com cores e gostávamos de pensar que éramos uns Rangers… a viver no meio do mato… a fazer comida com pauzinhos… numas fogueiras, tipo MacGyver.
Bem…, mas a realidade não era bem essa. Tínhamos reuniões aos sábados e, na maioria das vezes, apenas varríamos a sede e pouco mais…, mas era porreiro… estávamos com os amigos e lá, de vez em quando, fazíamos umas atividades ao ar livre, muito de longe em longe, fazíamos um acampamento de escuteiros.
Na minha juventude andávamos sempre à boleia e a melhor estratégia era usar o lenço de escuteiro… toda a gente parava.
Por falar em boleias… aos 15 anos fui trabalhar 1 mês na construção civil para ir de férias em agosto com uns amigos. Como eles tinham menos dinheiro que eu, a viagem deles acabou em Peniche e eu segui sozinho para Porto Covo à boleia, claro. Com o lenço de escuteiro era tão fácil que uma vez quem parou foi uma moto… e eu fui! Foi muito louco…
Agora que me lembro disto, até eu estou estupefacto: 15 anos… trabalhar um mês na Construção Civil, sem recibos, e ir 2 semanas de férias. Uma semana foi com 2 amigos, um deles, mais velho, já tinha carro, mas depois fui uma semana sozinho. Notem que não havia telemóveis… os meus pais não sabiam nada de mim nem onde eu estava… literalmente… devo-lhes ter ligado por telefone umas 2 vezes em toda a viagem, se tanto. Mas estava tudo bem! Sempre esteve tudo bem!
Voltando aos escuteiros: Nós organizávamos umas festas para angariar dinheiro e uma delas foi o Baile de Carnaval lá na garagem. Só aquela garagem deu 10 sábados de limpezas…
Convidamos pessoas… miúdos da nossa idade, os seus pais e quem quisesse ir… Foi fixe na perspetiva dos miúdos de 14 anos… para os pais que lá estavam… bem… calcula-se que fosse uma seca.
A certa altura, no auge da festa, uma amiga disse-me que se ia embora pois os pais já a tinham chamado… olhei para os pais dela e eu, com aquele ar de mafioso, convencido que dava a volta a todos e principalmente aos velhotes… lembram-se da história do Avô da Sandra? Disse a essa amiga:
– “Não te preocupes… eu vou falar com eles.”
– “Olá Sr. Monteiro, fiquem mais um pouco. Agora a festa está tão boa… porque não ficam?”
– “Sabes Pedro… a festa está realmente boa. Se formos embora agora ficaremos com boas recordações e para o ano quereremos voltar… se formos mais tarde, a festa vai ficar cansativa, ficamos desanimados e, para o ano, já não vamos querer vir.”
– “Amiga… Vais ter que ir embora!”
O pai dela tinha muita letra para mim… o raio dos velhotes afinal sabiam dar-me a volta.
Olha, se eu fosse esperto naquela altura também me tinha ido embora. O baile acabou à 1 da manhã e eu fiquei até às 3 a arrumar…
Esta história ficou-me sempre na memória! De facto, quantas vezes nos mantemos em situações boas até elas ficarem más?
Sair a tempo de salvarmos as nossas boas recordações é uma arte. Tudo o que é em excesso, é em demasia… uma maçã demasiado madura está podre.
Já repararam que quando utilizamos a palavra “demasiado” … não estamos a falar de coisas boas. Vejam “Demasiado bom”. Demasiado bom não é bom… é exagero.
Assim as Quarentenas no próximo Domingo vão acabar. A tempo de ficarem só com boas recordações. Mas Vão Acabar Com Estrondo! PUMMM… PUMMM.
Parei um pouco porque a minha filha veio despedir-se de mim e reparou que estava a escrever e ficou escandalizada com a forma como estou a escrever… já sabem ela tira vintes a Português…
– “Oh pai… credo, olha como estás a escrever… tantas reticências… com 3 pontos, outras só com 2 e algumas com 4 pontos?!… e as vírgulas?! e os “às” com o acento ao contrário? Letras maiúsculas no meio do texto?”
– “Querida Filha!! Aqui, nas quarentenas, eu sou livre para escrever como quero! Se quiser escrever em russo escrevo…”
Я думаю, что вы невероятны. этот текст был на самом деле на русском языке! Спасибо за чтение этих карантинов.
Quando escrevi o livro “Feliz Para Sempre” … primeiro fiz um esboço e, depois de a editora querer publicá-lo, eles contrataram uma escritora para me ajudar a “arranjar” o livro. Foi muito simpático da parte deles. O problema é que só gosto de escrever assim… escrever de uma forma livre… como se estivesse a falar com alguém… é a forma como penso… não tenho o pensamento arrumado nem certinho… cá dentro da minha cabeça é uma conversa comigo mesmo.
Essa senhora que me estava a ajudar a escrever tinha como missão ajudar- -me a transformar as minhas conversas mentais numa obra literária – como se fosse possível – bem… e acabou por ser…
Ela pegava num pedaço do meu texto e rescrevia-o, mudava algumas palavras repetidas, mudava a pontuação, a ordem e a sequência das frases…
Aquilo começou a ser doloroso porque quando ela me mudava o texto, eu percebia que tinha que o fazer para ser mais bonito, mas… alterava o significado do meu pensamento. Eu não queria dizer aquilo… eu queria colocar reticencias… eu queria que o leitor parasse a cada 4 palavras… só assim perceberia a ideia… “Dr. Brás… não vai dar…” hum ok, ok…
Demorou uns meses até eu e ela afinarmos os textos para que ficasse como os dois queríamos… Um dia ela enviou-me um pequeno texto retificado por ela e no email escreveu:
“Dr. Pedro Brás… Veja se este texto está com a sua música?”
Issooo… de facto o texto não importava, porque afinal as ideias estavam lá… o que importava é a música que saía dele.
Eu percebi aí que todos os escritores têm uma música… ao lermos esses textos… lemos ao som dessa música…
Espero que gostem da minha música!
#FiqueEmCasaMasSeQuiseremJáPodemSairMas
ProtejamSe
Comentários
Cila Beça
Toda a entoação que lhe dás, e para quem te conhece, percebe e consegue ouvir-te enquanto te lê… E isso, é a melhor forma de fazeres a tua música, porque será sempre a melhor forma de fazeres ouvir os teus pensamentos… (com reticências ?)
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Pedro Brás
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Elisa Costa
Obrigado e boa noite.
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Pedro Brás
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Noelia Cabanita
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Cláudio Semblano de Oliveira
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Sergio Mouta
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Maria Ofélia Jorge
,simplesmente grandiouso. Fique bem
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Ana Paula Aniceto
Parabéns foi um prazer acompanha lo bem haja?
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Ana Paula Aniceto
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São Bailote
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Pedro Brás
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Gita da Silva
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Borges Benedita
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Susana Alves
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Benilde Monteiro
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Maria Sá Patacho
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Pedro Brás
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Susana Casal Duarte
O meu filhote mais velho este ano vai fazer 15 anos e eu era incapaz de deixa-lo ir de férias sózinho! Ele nem chave de casa tem quanto mais sair sozinho ou trabalhar para ganhar dinheiro para férias.Se houvesse um trabalho a jogar Playstation ele de certeza que quereria ir trabalhar!??
Pois eu com 12 anos já trabalhava nas férias a arrumar encomendas na empresa da minha avó e quando tirei a carta eu e a minha irmã compramos um Fiat Uno usado.Férias sozinha só se fosse com a minha irmã e só depois dos 18 anos.A primeira vez que fomos sozinhas para fora andava eu no 11ano e fomos a Benidorm à viagem de finalistas.Meu Deus eu senti-me tão livre nessa semana mas mesmo assim tinha la uma pessoa que me controlava que era uma irmã dum colega que foi xivar tudo aos meus pais?Eu lembro-me que só ia para a cama ao amanhecer! Eram noitadas em cima de noitadas!Parecia que me tinham soltado da gaiola!?
Então quando andava na Faculdade fui para o Orfeão Universitário do Porto e ninguém me parava!Eram noitadas em cima de noitadas e nas digressões faziam-se festas todos os dias!Só para ter uma pequena ideia, o meu nome de Tuna era Dionisia Baca!??Acho que nunca me diverti tanto como naqueles anos em que fui Super Feliz!?
Por isso é que digo que tudo tem de ter um equilibrio na educação dos nossos filhos!Nem se deve dar liberdade em demasiado nem colocar os filhos numa bola de cristal.Eles tem de se divertir e viver estas excelentes experiências que ficaram para sempre na sua memória!
Quanto ao seu novo livro das Memórias de Vida em Quarentena e os seus Amigos porquê não pede à sua filha para compor o seu livro?Ela no fundo também esteve em Quarentena com o autor principal!??
O Dr.Pedro no fundo com a sua maneira engraçada de escrever, fez uma melódia maravilhosa para nós perdermos o medo, termos esperança e ganharmos força para combatermos com alegria toda esta Pandemia!
Como já foi dito aqui ” Suas palavras foram Música para os nossos ouvidos!”?
Beijinhos e Boa noite.???
P.S: – depois diga-me o que escreveu em russo!??
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Ana Paula Aniceto
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Pedro Brás
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Carla Ferreira Bravo
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Celia Antunes
Ufa..realmente foi muito assertivo ” sair a tempo de salvarmos as nossas boas recordações é uma arte “…Obrigado pela partilha.
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Celia Antunes
Medina Carreira, que o grande problema dos políticos era eles não utilizarem os memorandos / rascunhos
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Katy Mateus
Quantas vezes é que eu já lhe disse esta frase: “as suas palavras são música para os meus ouvidos” ???
Por alguma razão, não sei se por ter o privilégio de o conhecer pessoalmente e, como um excelente profissional que é ? … fiquei “eternamente grata” e com uma grande admiração, amizade, confiança nas suas sábias palavras, nos seus conselhos e preocupação para comigo, etc.
Realmente quando estou a ler as suas quarentenas, é como se estivesse a ouvir a sua voz, a entoação… as pausas… as frases soam aos meus ouvidos de uma forma inexplicável ?
Vou ter tantas saudades das quarentas, não imagina, e já o disse aqui também, que se as pessoas que as lêem, tomarem o “devido” partido delas, não imaginam o dinheiro que já pouparam só em consulta de psicoterapia, mas não é uma consulta normal, estas são muito melhores, e depois com o tratamento seguinte, então é a cereja no topo do bolo ???
Faltou a tradução do russo para português ????
#JaEstouComSaudadesDoQue
#AguardandoONossoLivroDas
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Pedro Brás
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Katy Mateus
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Conceição Resende
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Silvia Correa
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Silvia Correa
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Sergio Lucas
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Pedro Brás
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Rosa Silva
Escrevo… Para que quem me lê consiga acompanhar meu raciocínio.
Gostei da expressão ” tua música”
Só esqueceu de um pormenor…. Traduzir o que está escrito em russo ???????
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Pedro Brás
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Elisabete Melo
Um abraço
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Paulo Vasconcelos
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Maria Costa
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Graça Revez
Obrigado ?
Adoro ouvir a sua música ⭐
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Pedro Brás
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Lia Santos
Eu gosto muito dos seus textos e a música e maravilhosa!!!
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Sandra Da Fonseca Figueiredo
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Pedro Brás
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Armando Campos
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Pedro Brás
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Armando Campos
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Susana Loureiro
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Susana Loureiro
Obrigada a todos os que partilharam um pouco/tanto de si…
Até breve!
Abraço enorme para todos aí em casa.
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Pedro Brás
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Rosária Sousa
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Pedro Brás
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Camila Antunes
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Valter Nascimento
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Alexandra Sousa Silva
Abrir creches de uma forma loucaaaa é impossível, eles precisavam de ir trabalhar só um dia connosco para perceberem como não é possível.?
Enfim, eu sei é a Mudança…… mas nós, teus leitores agora temos ainda mais bagagem, para ver-mos as coisas de outra maneira,?.
Fico á espera do teu segundo livro ???.
Adorooooo ouvir a tua música ?.
Obrigada ?.
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