Ando para aqui a falar da minha vida… das histórias que me formaram como pessoa e claro, muitas das pessoas que me leem, conhecem-me de várias alturas da minha vida… são 44 anos de muito trabalho, muita diversão, muitos amigos… olho para trás e vejo 44 anos de Felicidade.

Bem… mas o que quero dizer é que há pessoas que só conhecem partes de mim… é natural… eu gosto da mudança e estou sempre a mudar… as mudanças dão-me “pica”, fazem de mim uma melhor pessoa.

Escrevi hoje em resposta a um comentário… “nas mudanças os maus mudam, os bons reforçam.” Disse isto e apontei a frase: “Tá boa! Eu gosto mesmo da mudança… sempre que não estou bem… mudo! Mudo para onde? Para qualquer lugar… o que quero é estar melhor do que estava antes… E sei que dure o que durar irei encontrar uma situação melhor…”

Fiz isto toda a minha vida… E gosto. Por isso nas histórias da minha vida e dos ensinamentos que retirei dela, vocês que me leem… estão-se a aperceber que já vendi computadores, dei formação de informática… já tive um restaurante… tive empresas de construção civil… que sou economista… que sou psicoterapeuta… trabalhei em muitos países… erro que se farta… tenho muitos sucessos e muitos insucessos…

Bem… já fiz tantas outras coisas que se a quarentena não acaba… vão saber mais da minha vida que eu próprio… Eu estou em paz comigo… sinto orgulho em tudo o que sou e o que fiz… por isso conto.

Para os meus amigos que só me conhecem como psicoterapeuta… e de facto a minha exposição pública só se verificou nesta fase na minha vida pode parecer um pouco estranho e desconexo o meu passado… Construção civil? Computadores? Restaurantes? O que é isto tem com a Psicoterapia e com uma clínica de Psicologia?

Nada… só em comum… EU!… e o EU… sou muitas coisas.

Vou contar-vos o tronco comum de tudo o que sou e tenho feito.

Tinha 12 anos… e os meus pais, funcionários públicos, que me deram tudo o que eu precisei para ser hoje feliz… queriam, como todos os pais, claro, que os filhos e eu em particular, tivéssemos um bom futuro… bons empregos… que fôssemos bons trabalhadores, sempre honrados e que estudássemos muito para trabalhar em boas empresas… e assim termos dinheiro para as nossas despesas… nada de novidade, qualquer pai pensa isso para os filhos. Obrigado Pai e Mãe!

Bom… voltando aos 12 anos… o meu pai tem uma quinta onde faz vinho e cria animais, e eu ia com ele ajudá-lo…

Uma vez o meu pai chamou um negociante de gado para vender um vitelo. O homem chegou… e começou a fazer negócio com o meu pai:

– “Então Sr. Mário quanto quer pelo vitelo?”

O meu pai:

– “ Ah… este vale pelo menos 100 contos.”

E o homem disse:

– “Oh, não pode ser, só lhe posso dar 70 contos”

… bem… uma negociação de feira… o vitelo foi vendido por 85 contos, mas qual é a história… uma tática que os negociantes de gado têm para influenciar o vendedor em inglês diz-se – “Show the Money”… é mostrar o dinheiro… e o homem mostrou… tirou do bolso um ENORME maço de notas de conto…

Eu tinha 12 anos, nunca tinha visto mais do que uma nota de 10 contos… os meus pais sempre me disseram que o dinheiro era difícil de ganhar… que não tinham dinheiro… Sabem como é… E de repente vejo um senhor com mais de 500 contos nos bolsos… What??

O homem foi embora com a vitela e com o maço de notas quase intacto… e perguntei ao meu pai quem era o patrão dele… o meu pai disse “Ah… esses não têm patrão… trabalham por conta deles…”

Uau! Já sei o que quero ser quando for grande! Quero ser igual àquele… sem patrão!

Quando disse isto ao meu pai acho que tive de correr rápido para não levar com a “vergastada”, porque disse-me que estes tipos andam a roubar o povo… São aldrabões… etc… etc…

Caramba… não percebi… então os meus pais trabalham tanto, dizem que não têm dinheiro… que temos que ter empregos estáveis… e aqueles tipos sem patrões… é que têm o dinheiro todo, e o dinheiro é o que se quer quando se trabalha… Como diz o outro: “Estou Confuso!”

Pai… desculpa mas foi a única vez que não te dei ouvidos!

Pois não… esta história de criança, criou uma crença forte em mim… nunca irei ter um patrão… não tem mal nenhum, em ter um patrão… só que nunca quis isso.

Toda a minha vida, estudei, inventei, inovei para ter um trabalho. Todas as atividades profissionais, os meus trabalhos, o que fiz na vida profissional foi inventado por mim e para mim, todo o dinheiro que ganhei para pagar as minhas despesas saiu dos meus empreendimentos.

Vejam só! Até a Psicoterapia que se pratica na Clínica da Mente foi inventada por mim!… E funciona!

Nunca estive mais do que 2 dias sem fazer nada… sem projetos… pois quando percebia que o que estava a fazer não me iria levar aos meus objetivos… começava a procurar outra atividade, outra fonte de trabalho, de rendimento…

Um dia, com 24 anos, sabem o que fiz? Não tinha mais ideias do que fazer… que empresa criar… Sabem… sabem? Claro que não… ainda não vos disse: Agarrei nas Páginas Amarelas e varri “com os meus dedos” aquilo de uma ponta à outra à procura de um negócio que me fizesse sentido e encontrei…

A questão que podem levantar é: “como é que se pode fazer alguma coisa sem formação? Sem conhecimentos? É verdade… a maioria das coisas que fiz, à partida tinha muito poucos conhecimentos sobre a atividade.

A verdade é que EU não tinha patrões mas tinha funcionários! E escolhia os funcionários com os conhecimentos certos para as organizações funcionarem! E que tal? Brutal não?

Como isto funciona:

Bem… O que é que as pessoas precisam? Precisam de X. Quanto é que pagam por esse X? Y. Consigo encontrar o produto X a um preço Y – 20%. Se sim, tenho emprego a vender aquilo. Ah… espera… mas o Y tem que ser feito… ah… então faz esta pergunta: Quanto custa contratar uma pessoa que faça o X e porque preço me sai? Y-20%… voltei a ter emprego então.

O meu emprego é ajudar os clientes a encontrar o que precisam e a liderar pessoas que escolhem as minhas empresas para trabalhar. Compreendem agora o meu percurso profissional? Sempre quis ser responsável pelo meu rendimento, pelo pagamento das minhas despesas… e no meio disto percebi que só conseguia não ter patrões se eu fosse líder de pessoas que sonham comigo os projetos.

Nunca me vejo como patrão… vejo-me como um sonhador que empreende… que arrisca e que convida pessoas fantásticas para fazerem parte desses projetos…

Depois não digam que não sou um livro aberto…

Se calhar vou chamar ao livro que sair daqui “O livro Aberto”.

Há uns tipos que ficam bêbados e falam muito… eu é em quarentena que falo muito.

#FiquemEmCasaQueAQuarentenaSãoSó40DiasESó

FaltamMais9