Isto vai dar para o torto… vai acabar o estado de emergência… não acabou o problema… estamos todos cansados e alguns de nós vamos começar a ter comportamentos de risco!

Cuidado… protejam-se bem!

Ainda nos caminhos das mudanças…

Quando mudamos iniciamos um caminho novo e temos que aprender a caminhá-lo. Já falei um dia destes sobre a aprendizagem. O grande problema da aprendizagem é acharmos que sabemos tudo, mesmo antes de iniciarmos… só de olhar… e claro… dá para o torto porque nada é simples como parece… tudo tem as suas particularidades que é preciso apreender e só com a prática se consegue atingir uma boa execução que nos levará aos objetivos que temos.

Há dias mudei… só cozinho refeições tradicionais portuguesas…, mas quis fazer Sushi… peixe cru à moda do Japão. Quando pensei em fazer Sushi pensei: “fácil… enrolar o arroz com a mão, fatiar o peixe, colocar a arroz dentro, alga… mais coisa menos coisa e vai ficar muito bem!”

Credo… só quando comecei é que percebi que não sabia nada… é muito difícil preparar Sushi. O arroz fica colado às mãos, fica mal distribuído pela alga e a combinação de sabores é uma arte que não se inventa… eu inventei e ficou… é melhor passarmos à frente!

Vou continuar no cabrito no forno!

O problema aqui, é que, quando começamos a mudar e a fazer algo novo temos o choque da aprendizagem… para fazer o novo… e enquanto não nos apercebermos que é difícil, perdemos tempo e não seguimos as regras que quem sabe nos indica.

Um exemplo: quando compramos uma máquina lá para casa e que precisa ser montada, quantos de nós vamos ver as instruções primeiro? Quase ninguém… porque acreditamos que é fácil… às vezes até é…, mas outras não o é e perde[1]mos tempo até percebermos que precisamos aprender primeiro.

A melhor forma de aprender é termos uma Mente de Principiante.

A mente de principiante é o estado mental de quem aceita que nada sabe e quer aprender para executar. É uma mente humilde que acata as instruções dos professores… é uma mente curiosa que quer receber o maior número de informações possível.

O resultado de quem tem uma Mente Principiante é que demora algum tempo a começar, mas, quando começa, faz as coisas de uma forma consistente e bem feita.

O contrário da Mente de Principiante é a Mente do Trapalhão…

Faz tudo com pressa em acabar, não é atento, acha que é fácil, não quer ouvir quem sabe e não faz nada bem feito, só quer acabar e, raramente acaba, desiste no processo.

Um dia na faculdade, bem no início do primeiro ano fui ao horário ver em que sala ia ter a primeira aula da disciplina “Métodos e Estatística”, vi: “Auditório 1” … ok… fui… já ia 10 minutos atrasado…

Abri a porta e vi um professor e mais de 80 alunos, a maior parte deles já mais velhos Não entrei… pedi desculpa e fechei a porta. Era obvio que me tinha enganado… a minha turma tinha uns 30 alunos… não era aquela.

Voltei para ver no horário afixado e era verdade, dizia “Auditório 1”…caramba… não pode ser… devem ter mudado de sala. Perguntei ao funcionário onde estava a decorrer a disciplina e ele confirmou… era aquela sala… ok, vamos.

Abri a porta, a medo, e o professor olhou para mim e disse: “Sim… esta é a turma de Métodos e Estatística… toda a gente começou a rir. E riam-se porque sabiam a miséria que se passava naquela disciplina.

A minha turma tinha de facto 30 alunos. O problema é que como ninguém passava àquela cadeira, aquela aula tinha os alunos de todo o curso. Havia alguns lá com 55 anos. Já tinham terminado há muitos anos as cadeiras todas menos aquela…

É pá… aquilo era de facto muito difícil e o professor não ajudava. Na primeira aula deu-nos um documento com 200 exercícios para o ano todo, mas exercícios que se demora uns 30 minutos a resolver e, isto, para quem sabe…

No primeiro teste, estudei o que achei que seria o necessário e tive um 9. É pá… eu tinha um compromisso comigo mesmo que não iria atrasar em nenhuma cadeira… não tinha tempo para isso… mas aquilo era difícil.

Uma vez numa aula onde aprendíamos “probabilidades”, perguntei ao professor: “Professor, qual é a probabilidade de passarmos a esta cadeira” Ao que ele respondeu “A probabilidade de passarem está diretamente ligada à quantidade de horas de estudo. Um aluno, para passar a esta cadeira, deve estudar 100 horas”

Senti que falou a sério. Ele sabia que quem não estudasse aquelas horas e quem não fizesse aqueles 200 exercícios, não conseguiria passar.

Ninguém o levava a sério, ninguém estudava o que era preciso, por isso, chumbavam.

Comecei a pensar… “É possível passar a esta cadeira. Percebi agora que quem passa não é mais inteligente ou um génio a matemática… passa quem estudar 100 horas… passa quem tiver um método e o professor explicou-me: estudar 100 horas e fazer aqueles 200 exercícios.”

Eu tinha tido um 9 no primeiro de 4 exames do ano e não tinha feito mais do que 10 exercícios. Deveria ter feito 50. Isto quer dizer que até tive sorte por ter tirado um 9.

Estudei, naquele ano, as 100 horas que o professor tinha pedido, no segundo exame tive 15.8, no terceiro 17.8 e no quarto 17.3

Não vale a pena querermos inventar… devemos seguir e apreender as estratégias certas com a mente de principiante… com humildade e seguindo instruções…

Ah, mas nem sempre temos as instruções ou alguém que nos auxilie. Sim, é verdade, mas, se tivermos calma, vamos ouvindo, vamos analisando, experimentando, procurando informações úteis em todos os sítios, corrigindo sempre a nossa direção até sentirmos que atingimos os objetivos.

Podemos inventar… mas demora-se mais tempo. A melhor estratégia é apreender com quem sabe, com quem já passou por onde queremos passar.

Precisamos encontrar um emprego? Podemos fazer de qualquer maneira, mas será melhor pedirmos a alguém que encontrou um bom emprego, que nos explique como o fez!

Precisamos mudar de país? Será melhor falarmos com alguém sobre os desafios que encontrou quando mudou e como os resolveu.

Hoje, o que não falta é informação de como fazer… quando percebi que fazer Sushi estava a ser muito complicado, estive no Youtube a perceber como os grandes mestres cortavam o peixe e dobravam as algas…

Para ter os mesmos resultados dos outros, temos de fazer o que eles fizeram! A minha filha é uma aluna de 20 a Português. Ah… tem um DOM… podem pensar! Até pode ter, mas o que sei que ela tem é trabalho… Nunca vi ninguém a ler tanto como ela, a fazer resumos de todas as obras que tem de estudar no secundário… acredito que quem quiser tirar 20 a Português deve fazer o que ela faz… Parte dos colegas dela, o mais que fazem é ler uns resumos da Net dos livros que têm de estudar…

Como hoje vou publicar esta quarentena mais cedo… ainda podem ler mais uma pequena historia:

Um dia, um homem foi assistir a um concerto de Piano e ficou surpreso porque o pianista era um amigo de infância que já não via desde a altura das aulas de piano na escola de música onde andavam… aos 10 anos. No final do concerto foi ao camarim e o Artista ficou muito contente por revê-lo.

O Homem que assistiu ao concerto disse:

“É pá… andamos os dois nas aulas de piano mas, apesar de praticar 2 horas por dia, não conseguia atingir os mínimos para passar no exame de piano, por isso, desisti. Não tinha jeito para aquilo… já tu, vejo que tens um Dom para tocar piano…”

O Pianista consagrado disse:

“Bem… para te dizer a verdade, eu também ensaiava 2 horas por dia e também, como tu, chumbei no exame de piano… só que, como queria tanto seguir com a carreira de pianista, comecei a ensaiar 6 horas por dia.”

Conclusão: para tudo há um método que tem de se seguir. A melhor forma é aprendermos com quem já fez o que queremos também fazer.

#FiquemEmCasaEPensemOQueVaoMudarNoFinal

DaQuarentena