Já estamos todos nos preparativos para voltar ao normal? Não? Qual normal? Pois, normal é aquilo que fazemos todos os dias… ah… o que fazemos todos os dias não é ficar em casa? Hum… então vamos voltar à anormalidade… andar nas ruas de máscara… não tocar em ninguém… assistir a um segundo pico da crise sanitária… pois…

Só mudanças… até para mim… Um adepto ferrenho das mudanças… “já estás a abusar!”

Ok…, mas não é este o estado de espírito que temos de ter!

Vá Malta! Até porque as quarentenas vão acabar e temos de continuar com o astral lá em cima!

Eu acredito que a melhor forma de todos aguentarmos estes estranhos momentos com a melhor condição mental possível… é metermos na cabeça que isto ainda não vai acabar tão cedo e que apesar disso estamos aqui… prontos… JUNTOS, como soldados numa guerra que será ganha! Já falamos isto noutros dias.

Experimentem pensar que vamos estar nestes momentos estranhos por mais 2 anos. SIM… Não estou a ser pessimista… estou a ser cientista psicológico… é apenas um teste… que nem sei qual vai ser o resultado… se o resultado, daqui a 30 linhas for mau… apago isto antes de publicar.

Então… vamos pensar que isto vai estar assim por mais 2 anos. Que durante todo este tempo… isto vai ser mau… Visitas à família de quinze em quinze dias, sem comidas, só um olá e de máscara… aaah…

Trabalhar vai ser uma chatice… distanciamento social… gel para aqui e para acolá… o patrão… sempre a queixar-se que não há dinheiro… que o estado não pagou a tempo…

Restaurantes sim, mas a medo… sem petiscadas com amigos…

2 ANOS! Vamos ter umas semanas que vão parecer que está tudo a ficar normal e, de repente, ficamos fechados outra vez… Se houver Quarentena obrigatória outra vez, prometo que fazemos todos um segundo livro… poderá chamar-se “Como ficar Maluco de um Momento para o Outro – escrito por Pedro Brás e os seus Amigos.”

Vamos lá… daqui a uns momentos encostem-se na cadeira, respirem fundo e pensem que não vai ser fácil nos próximos 2 anos e o que passamos até aqui foi um aquecimento.

É que vamos viver vários momentos de carrossel emocional. Vamos muitas vezes entrar em estado de desespero, frustração, medo…, mas também de esperanças e alegrias…

Mas, pensem também, que tudo isto faz parte do nosso caminho; um caminho que todos os seres humanos estão a viver neste momento; um caminho que vamos superar e que fará parte da nossa história coletiva, que ninguém, que nenhum ser humano vai esquecer… e que durante os próximos 150 anos, todas as crianças vão estudar o que nos aconteceu em 2020… tal como hoje ainda estudamos as guerras mundiais.

Pensem: Isto vai acontecer, não consigo evitar, mas, apesar disso, esse é o meu caminho, onde vou dar o meu melhor utilizando todas as minhas forças para superar todas as dificuldades.

Respirem fundo, encostem-se para trás e pensem assim… depois, tirem os olhos do ecrã e olhem pela janela… olhem para o mundo que dá para ver da vossa janela. Amem-no como ele é e, agora ele está assim, a precisar de calma, relaxamento e de toda a nossa força…

Este mundo precisa de cada um de nós. Olhem para a pessoa que está a vosso lado… essa pessoa precisa de nós, precisa que estejamos fortes. Neste mundo vamos utilizar todas as forças e, no fim, descansamos… limpamos as feridas…, mas só no fim!

Um dia, quando formos bem velhinhos, saberemos que demos o nosso melhor.

Um dia não nos lembraremos das dores, mas sim dos momentos de superação e vamo-nos sentir bem com isso!

Um dia vamos olhar para trás e perceber que estas dores foram apenas um breve momento da nossa história, do nosso caminho que um dia teremos orgulho em o ter percorrido!

Respirem Fundo!

Eu também fiz este exercício e senti-me bem, poderoso e preparado. Por isso, não o vou apagar da Quarentena. Escrevam nos comentários se vos fez bem ou se não fez. Conversem comigo para vos ajudar a corrigir o problema que criei agora.

No fim deste exercício estava eu olhar pela minha janela e a olhar em direção a Nespereira, freguesia de Cinfães, a pensar nestes 2 anos, que não ia estar com os meus amigos nas jantaradas que nos fazem tão bem e passou-me uma recordação passada em Nespereira e com jantaradas à mistura e tenho de a contar, se não, não me sai da cabeça.

Tinha uns 24 anos e fui almoçar com um amigo e cliente a Nespereira. Estava a almoçar e, outro amigo, chega a meio da nossa refeição e senta-se connosco…

– “Oh senhor do restaurante”

… que chatice… esqueci-me do nome do restaurante e do nome do seu proprietário… vamos inventar

– “Oh António…Traga lá mais uma posta para este amigo que acabou de chegar”

… estávamos na sobremesa e entram mais 2 amigos.

– “Eh pá… sentem-se aqui connosco e provamos um jarrinho deste branco.”

Conversa puxa conversa… lá para as três horas entra mais um grande amigo que tinha estacionado o camião à porta.

– “Oh António, o que há para almoçar que eu sento-me aqui com esta malta…”

– “A esta hora já não tenho almoço…”

– “Oh carago e fico sem almoçar? faz aí uns rissóis”

– “Caramba, os rissóis estão bons”

– “Oh António traz aí rissóis para os 10”

– “António… o jarro já acabou. Tens aí o garrafão?”

Entretanto a malta que estava no balcão do café já estava sentada na nossa mesa.

– “Oh Pedro, o Matinhas disse que não te esqueças de passar na drogaria…”

– “Oh carago”

Liguei ao Matinhas e ele veio ter ao restaurante… era óbvio que com a mesa cheia de amigos não me podia ir embora. O Matinhas veio…

-“Oh Sr. António, traga aí mais umas chouriças assadas e um copo para o Matinhas…”

Passado 2 horas…

– “Oh Matinhas… tens alguém na drogaria?”

– “Oh Porra! Esqueci-me que não ficou lá ninguém… nem fechei a porta… só a encostei… bem, agora já são 19 horas, já é altura de fechar”

– “O quê?! Já são 19 horas? Por isso já comecei a ter fome outra vez!”

– “Oh António, o que se janta hoje?”

…e por aí fora…

Esta história acabou com 20 amigos à mesa, a comer e a beber até às 2 horas da manhã e acho que acabou, porque a GNR fazia umas rondas para fechar os restaurantes…

Jantaradas com amigos… não as consigo contar, muito menos as que fiz em Nespereira mas esta foi a mais longa e não programada. 14 horas à mesa com amigos que iam chegando ao restaurante e nenhum saía.

Coisas assim alimentam as nossas memórias… pode ser que nenhum daqueles amigos se lembre disto, mas eu não preciso que eles se lembrem. Basta que se lembrem de me convidar para almoçar novamente, depois da Pandemia…

Oh… o que me fui lembrar… quebrou-me do estado mental de resiliência e de espírito de sacrifício…

Voltando ao que estávamos a falar, para terminarmos com resiliência, se começarmos uma caminhada inevitável, preparados para aguentar o pior, vamos rapidamente perceber que o caminho não é assim tão duro!

VAMOS FICAR TODOS BEM! PORQUE ESTAMOS TODOS JUNTOS!

#FiquemEmCasaNoDomingoPorqueVaiHaverFesta

DaUltimaQuarentena