Ah… hoje fui às compras e já quase parecia um dia normal!
Ah… hoje fui às compras e já quase parecia um dia normal!
Já estamos fartos, não é? Vamos ter que conviver com o vírus, por isso temos que adotar estratégias para convivermos uns com os outros expondo-nos o menos possível…. vai ser chato, mas é melhor que ficar em casa!
Ontem falamos dos “velhos tempos” em que os pais tinham sempre razão… nem que fosse à estalada!
Nestas conversas vamos dar sempre ao mesmo: “Ah… as crianças de hoje fazem birras e os pais fazem sempre as vontades… antes não era assim…”
É verdade! Crianças de há 40 anos: “No nosso tempo havia birras?” Credo… nem sabíamos o que isso era!
Antigamente havia uns ditados e expressões que hoje já não existem, alguns ainda bem que desapareceram, mas outros…
“Entre marido e mulher não metas a colher.”
“Come e cala.”
“Quando um burro fala o outro baixa as orelhas.”
A relação entre pais e filhos era de desapego, parecia ser mais fria. Um desapego num bom sentido… num sentido de deixa andar… e ao mesmo tempo de “Come e Cala”, nunca víamos os nossos pais como amigos, mas como pais… que mandam! E mandavam mesmo!
Hoje, quem manda são as crianças. As crianças têm o que pedem, veem na televisão o que querem… quando querem… comem o que lhes apetece… fazem o que lhes dá na real gana! E os pais são os seus escravos!
A culpa não é das crianças, mas dos seus pais!
Não temos tempo para os filhos, quando eu era criança acho que os meus pais também não tinham tempo para mim, mas também não precisavam ter tempo porque abriam-me a porta de casa às 9h da manhã… vinha almoçar… saía de casa até às 19h voltava para jantar e à noite ainda voltava a sair… A minha mãe nem desconfiava onde eu andava… algum dia descobriu que eu andava a subir postes de alta tensão com os meus amigos do bairro?… por acaso eu era bom nisso… uma vez faltou-me 1 metro para chegar mesmo lá acima… estava quase!
Aos 13 anos eu e os meus amigos vizinhos andávamos 5 Km a pé para ir tomar banho ao rio… a descer era um espetáculo… agora para subir…
Uiii… do que me fui lembrar… um dia, depois de tomar banho, numa tarde bem passada… estávamos a subir a serra de Montemuro a pé, literalmente, e tal era a nossa sede que tivemos que ir bater à porta de uma casa isolada no monte. Abriu-nos um senhor já velhote, muito pobre, pedimos um copo de água… e ele claro que deu… só que só tinha um copo… com vinho. Ok, ele bebeu o resto do vinho, enxaguou o copo, encheu-o de água e… nós … bebemos. Claro… estávamos cheios de sede…
Ainda me recordo do sabor daquele copo de água… sabia a vinho…
Não sei se esta história foi um bocado nojenta. Mas o que querem? Lembrei-me!
Voltando à história das birras. Hoje as crianças não têm liberdade para nada. não saem à rua, não ficam longe dos olhos dos pais por mais de 30 segundos. E como nos culpamos disso, da infelicidade deles, fazemos tudo o que eles querem. “Não queres comer sopa? Ok! Queres um gelado? Só não quero que berres…”
É que agora é crime dar uma “taponada” nos filhos. Ninguém pode bater nos meninos. Lembram-se na história da minha mãe e o que disse à minha professora Irene: “Bate-lhe se ele se portar mal!” Ah valente… quem era o puto que arrepiava cabelo?
Hoje se o professor fala mais alto com o menino leva processo disciplinar… Hoje temos que educar os nossos filhos à base da conversa… sim…. e conversamos com os nossos filhos de 1 ano… eles percebem! Mindfulness, yoga, welness… não sei quê positiva… não dá!
Não e nunca defendo a violência…. não é isso que estou a criticar, estou a criticar a falta de firmeza dos pais em relação aos filhos.
Este tema é tão comprido e complexo que não vos posso maçar… é que têm que se deitar, mas deixo-vos uma pequena regra… a minha pequena regra:
Cá em casa, sou eu e a mãe quem manda! Se a mãe diz que ninguém se levanta da mesa… ninguém se levanta, até eu tenho medo de me levantar… Se é para comer a sopa, toda a gente come a sopa, sabem porquê? Porque não há outra alternativa… a mãe só deu uma!
Os meus miúdos…. cá em casa… nunca mandaram… sempre foram ouvidos e na maioria das vezes os pais mandam a favor das opiniões dos filhos, mas o que os filhos dizem são apenas opiniões que os pais… amigos… carinhosos… espetaculares… decidem fazer!
Os meus filhos nunca fizeram por isso, birras, não vale a pena! E… tudo começou quando tinham 6 meses… apreenderam cedo.
Eu e a minha colega Marta Calado, que dirige a área infantil e juvenil da Clínica da Mente, uma vez em tertúlia sobre este fenómeno da liberdade que damos ou não aos nossos filhos e comparando com a nossa infância chegámos a uma conclusão que me parece certa:
Sabem porque é que a minha mãe me deixava estar o dia todo na rua e eu hoje não deixo os meus filhos?
É que antes a minha mãe conhecia todos os vizinhos, mais do que os vizinhos, a minha mãe conhecia todas as pessoas da vila… hoje eu não conheço as pessoas do meu prédio!
E por isso, por não conhecer as pessoas, os vizinhos, tenho medo… e os miúdos não saem! Comem gelado!
Quando eu fazia asneiras na vila… chegava a casa e a minha mãe já sabia!
Por isso, para ela estava tudo bem e esteve… nunca ninguém foi raptado, violado ou morreu eletrocutado num poste de alta tensão. Hoje também não há histórias dessas, mas … e os vizinhos?
#FiquemEmcasaDia18JáPodemosCortarOCabelo
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Benilde Monteiro
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Camila Antunes
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Pedro Brás
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Graça Lopez
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Noelia Cabanita
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Gloria Ferreira
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Pedro Brás
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Celina Pereira
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Rita Rebotim
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Ana Paula Aniceto
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Maria Ofélia Jorge
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São Bailote
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Luisa Aguiar Portelinha
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Susana Casal Duarte
Eu contrariamente ao Dr.Pedro sempre fui muito protegida.Apesar de ir sozinha para a escola eu de tarde se nao tivesse aulas ficava sempre sozinha ou com a minha irmã em casa.Nunca brincava na rua ou ia a casa de amigos.A unica liberdade que tinha era quando ia para o parque de campismo que falei ontem.
Os meus amigos nas ferias iam para a praia ou para a piscina e os meus pais não me deixavam ir. Eu ficava super triste.Às vezes passava dias e dias das minhas ferias dentro do meu quarto a ler. Quando os meus pais estavam a trabalhar tinha de ir para a praia com a minha tia.Os meus pais tinham medo de tudo!
Eu nao tinha grande liberdade.Só quando fui para a faculdade e para o orfeao universitario do Porto é que eles me deram bastante liberdade.
Eu sinceramente não concordo com este tipo de educaçao.Por acaso eu sempre fui uma rapariga atinadinha mas muitas vezes quando nos proibem de mais à minima liberdade a juventude só faz asneiras.
Quanto às Birras dou lhe razao mas muitas vezes não é fácil aguentar uma birra.Eu própria quando era pequena também fazia de vez em quando birras e fechava me no quarto.Não é fácil combater as Birras dos miúdos.Eu dou-lhe os meus sinceros parabéns por conseguir que os seus filhos não façam birras!Eu bem tento combater mas confesso que nem sempre consigo.
Mas aqui à mesa tudo tem de comer de tudo que comemos e direitinhos à mesa!?
Beijinhos e Boa noite???
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Pedro Brás
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Elisabete Melo
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Pedro Brás
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Maria Costa
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Maria Mendes
Também eu fui criada assim…. andava pelas ruas da nossa aldeia, como se ela fosse a minha casa, levávamos sabão e tomavamos banho na represa do “Senhor” da aldeia… e éramos tão felizes!!!!
Fazendo jus à canção ( parecem bandos de pardais à solta)… agora as nossas crianças são passarinhos engaiolados e vingam-se, fazendo um chinfrim danado com birras e quereres satisfeitos ?? e como dizia a minha mãe.. . mudam – se os tempos, mudam-se as vontades!!! ?
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Pedro Brás
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Alexandra Sousa Silva
Era tão bom brincar na rua…… apesar de já nessa altura ser um pouco protegida !!?
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Pedro Brás
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Jorge Jesus Fonseca
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Pedro Brás
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Jorge Jesus Fonseca
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Sandra Lopes
Sempre incuti o mesmo aos meus filhos, dei lhe uns “tabefes” na altura certa, educação e muito amor.
Vou resumir aqui um episódio do meu filho mais velho que tem 21 anos, na altura dos 13 anos era muito rebelde e um dia fez um disparate na escola. Ainda hoje ele se recorda ao ponto de estar hoje com amigos e estarem a dizer que a culpa da rebeldia dos filhos é dos pais, ele disse lhes que não concordava que ele fez disparates e eu nunca lhe dei educação para ser assim na altura.
Que sempre lhes incuti o oposto.
E isso deixou me orgulhosa.
Compactuar com as birras, passar lhes as mãos na cabeça sempre, irá fazer das crianças de hoje adultos frustrados no futuro.
Obrigada pela suas partilhas … ??
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Pedro Brás
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Sandra Lopes
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Graça Revez
Na nossa infância, não havia nem muitos brinquedos, nem tecnologia, era brincar uns com os outros, e era bom pois recordamos esses momentos com saudade❤️
Com os nossos filhos é tudo diferente, e com os netos…
Os vizinhos são muito importantes, eu graças a Deus tenho uns bons outros nem tanto!!!
Feliz dia 1 de Maio ?
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Pedro Brás
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Borges Benedita
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Pedro Brás
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Céu da Rosa
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Pedro Brás
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Armando Campos
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Pedro Brás
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Ana Cristina de Matos
Terrível foi quando iniciaram a escola, não tinham tlm nem sabiam nada de jogos eletrônicos, nem…de repente, Eu era a pior mãe do mundo!
Como tem memória curta, a coisa passou. Agora, em tempo de jovens adultos, estão sempre a dizer: “ mãe, tinhas tanta razão em ter escolhido a versão “ no net” ! adoram a natureza, concentram-se na solução, são independentes e estão preparados para sobreviver em qualquer situação.
É tão bom, tão recompensadora, ter feito a escolha certa!
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Pedro Brás
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Katy Mateus
A minha educação também foi muito extremista, por ser-mos 6 filhos e talvez por ser miúda, tive de começar a trabalhar muito cedo, as meus 14 anos, enfim…
Mas a educação que dei aos meus filhos, embora não conheçam os vizinhos, por estar quase sempre em casa, com a excepção das ídas à escola, futebol, música, escuteiros e outras atividades extra curriculares, em que também fizeram amizades, para além dos da escola, nunca me faltaram ao respeito, aliás ainda hoje dizem que tinham “medo de mim”, que sempre fui uma mãe muito exigente, presente e que além de tudo os orientei para a vida. Para serem pessoas melhores, genuínas, autónomas, etc.
Embora nunca lhes neguei uma saída com amigos, uma viagem de estudo, quer dentro ou fora do país…
Ainda hoje, quando estão em casa, tem o hábito de perguntar se podem sair e sempre chegam, para não me acordar, e ao pai, claro, enviam um SMS, a informar que já chegaram, ou se demorammaisum pouco, não vá eu acordar e ficar preocupada e levantar-me a ver se estão bem…
E é com muito orgulho que digo, que além de um ter 23 anos e outra 21, dizem-me que não me olham apenas e só como mãe, mas como uma grande amiga e uma pessoa com quem podem falar sobre tudo, sem receios ?
Mas ainda hoje, quando eu chego a casa, dizem para o pai: chegou a polícia ???
É tão bom ser mãe ?
Bom feriado.
Obrigada por mais uma excelente quarentena Dr. Pedro Brás ?
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Pedro Brás
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