Um querido amigo disse-me há dias:

– “Eh pá, andas a contar as histórias todas?”

Ao que respondi

– “Naa… só as que tem alguma moral. A maioria das nossas histórias não tinham moral nenhuma!”

Deu para umas gargalhadas…

De facto, só devíamos contar aos outros aquilo que vale a pena, só devemos dar informação útil e simples, porque senão… ninguém nos ouve… ninguém quer perder tempo com as nossas complicações.

Eu sou muito intolerante à perca de tempo com as palavras, já sabem, não gosto de escrever ou falar perdendo tempo… e só o faço sendo muito direto. Não gosto de conversas que andem à volta dos assuntos… fico até irritado…

Quando comecei a desenvolver o modelo de Psicoterapia HBM… lembram- -se da história? Eu comecei a conversar com pessoas, vejam só: Alguém que sofre de Depressão ou Ansiedade desde que se lembra de ser gente tem muito que contar sobre a sua vida… tem anos para contar… tudo correu mal… muitos anos de sofrimento… de pensamentos difíceis… de medos e angústias.

E eu em frente a essas pessoas, estou lá para as ouvir… quero saber tudo sobre a pessoa, sobre o que pensa, como pensa. Só assim a consigo ajudar…

Por outro lado, não consigo ouvir alguém a falar só por falar, a contar coisas que não preciso, informação não útil…

Nas primeiras consultas que fiz, como estava a aprender, as pessoas falavam… falavam… houve uma consulta que demorou 5 horas… só faltou tomarmos um cafezinho durante a consulta.

Qual foi o problema? Eu não sabia o que procurava e a senhora não sabia o que eu precisava… pronto, estava tudo preparado para não sairmos do sítio… as primeiras consultas demoravam muito porque também não tinha ninguém no horário seguinte… quando comecei a ter alguém a seguir, com hora marcada, comecei a entrar em pressão.

A primeira consulta serve para entendermos o problema das pessoas e, se percebermos que a podemos ajudar, estabelecemos um plano de tratamento. Claro que as pessoas só fazem o tratamento se eu perceber o problema e se elas perceberem que eu percebi… claro!

Comecei a pensar: isto não vai lá… como é que eu descubro o problema das pessoas? É tanta informação que querem dar. A Psicanálise é uma Psicoterapia muito conhecida e é normal as pessoas fazerem mais de 100 sessões só para se descobrir o problema… são mais de 100 horas que o paciente fala… fala… só que eu tenho um problema: não aguento que falem comigo com informação que eu não preciso… ou que não entendo porque me a estão a dar.

Então, bem lá no início, comecei a ser eu a fazer as perguntas… e quando as pessoas queriam fugir, eu encaminhava-as para as minhas perguntas novamente.

E há 3 simples perguntas que percebi que me fazem perceber qualquer problema psicológico:

1.º O que sente agora e que a está a perturbar?

2.º Desde quando é que isso acontece?

3.º O que aconteceu nessa altura?

Só isso? SIM! É tão simples que não parece verdade, não é?

São 3 perguntas que revolucionarão a saúde mental no mundo. É certo que o mundo ainda não sabe disso… vou ter que lhe contar.

Se fizermos estas 3 perguntas a qualquer pessoa que tenha um problema psicológico como a Depressão, Ansiedade, Ataques de Pânico ou mesmo Timidez… vamos descobrir as causas destes estados tão perturbadores que criam tanta infelicidade!

Agora precisamos de ouvir… escutar… compreender o que dizem… a realidade de cada um. Não é o que aconteceu, mas sim o que a pessoa percebeu quando aconteceu… é diferente.

Com estas 3 perguntas, as consultas de avaliação agora demoram 90 minutos e chegam para compreender a maioria das dificuldades que afetam as pessoas e o que compreendemos nessa sessão chega, na maioria das vezes, para as ajudar.

Se escutarmos bem o que as pessoas nos dizem ao responder às 3 perguntas, o pensamento que temos é:

“Xiii se me tivesse acontecido a mim o que aconteceu a esta senhora, eu estava igual a ela.”

Verdade! Se a mim, Pedro Brás, acontecesse o que aconteceu às mais de 2500 pessoas às quais fiz a “primeira consulta”, eu estaria como elas… a sofrer como elas.

Estas 3 perguntas vão mudar o mundo!

Não é engraçado o que um “Olhar de Principiante” pode fazer? Sim, na altura era “principiante”. Eu nunca tinha tido formação em Psicologia, daquela que se dá na universidade. Quando comecei – já vos contei essa história – não estava “formatado”, não tinha crenças pré-estabelecidas sobre a saúde mental. Olhava para as pessoas e para as suas histórias com um olhar de principiante, curioso e com interesse em aprender… em perceber, genuinamente, cada palavra que me diziam.

No livro “O Principezinho” de ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY, conta-se que o narrador, quando era pequeno, desenhou uma jiboia que tinha comido um elefante, mas quando mostrou o desenho aos adultos, ninguém entendeu. Achavam que “aquilo” era um chapéu. Ele teve de fazer um segundo desenho para as pessoas crescidas conseguirem perceber…

Devemos olhar para o que estamos habituados a ver com um “Olhar de Principiante”… a apreciar sem preconceitos e com humildade, a aprender de novo o que já sabíamos porque nunca aprendemos a mesma coisa duas vezes. Cada vez que olhamos com o tal “Olhar de Principiante” vemos coisas diferentes… e aprendemos de novo, aprendemos melhor!!

Na vida devemos simplificar, não complicar…

Na minha mente tenho uma frase que me ajuda a simplificar:

Se o meu filho de 12 anos não perceber uma ideia minha, o problema está na ideia.

#FiquemEmCasaeSimplifiquemOFuturo